O orçamento do estado do Paraná, destinado para o Sistema de Monitoramento de Apoio ao Alerta de Desastres tem previsão de redução em 24% para o ano que vem. O valor previsto na Lei Orçamentária Anual do estado deste ano é em torno de R$ 6 milhões e 500 mil. Já no Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024 este valor cai para R$ 4 milhões e 900 mil.
Conforme o documento, a verba é para adquirir equipamentos de monitoramento meteorológico e informática, construir uma malha de risco de desastres e investir em armazenamento de dados para apoio do sistema de alertas.
O professor de Riscos Geológicos e Diretor do Centro de Apoio Científico em Desastres da UFPR, Renato Lima, explica o que compõe um sistema de monitoramento. “O monitoramento e o alerta são parte dos processos de gestão de risco. Monitoramento usamos para acompanhar alguma coisa, a verificação de um processo.
O monitoramento vai fazer medidas de nível de rio, acompanhamento de chuvas, vento e etc”, detalha.
No Paraná, nesta quarta-feira (19) 21 cidades estão situação de emergência em reflexo das consequências do alto volume de chuvas neste mês de outubro.
Oito mil moradores paranaenses chegaram a ficar desabrigados. O estado aparece em quinto lugar, de todo o Brasil, com o maior número de moradias danificadas e destruídas por desastres naturais nos últimos dez anos.
De acordo com o último estudo feito pela Confederação Nacional de Municípios, de 2012 a 2022 foram mais de 146 mil e 600 unidades habitacionais afetadas no Paraná. Segundo o professor, dois fatores são fundamentais para o aumento desses desastres naturais.
“Esse aumento pode estar relacionado aos extremos do clima e também ao uso e ocupação do solo, muitas vezes de forma inadequada. Quando ocupamos locais favoráveis a processos naturais, é esperado que o número de desastres aumentem”, detalha.
O Paraná possui regiões que são favoráveis a processos naturais perigosos diferentes. No litoral são as chamadas inundações relâmpagos e cabeças d’água. Na Serra do Mar assim como nas serras do primeiro e segundo planaltos são os deslizamentos de terra e quedas de rochas.
No segundo e no terceiro planalto as inundações de longa duração também são características.
É o caso de União da Vitória – que pertence ao terceiro planalto. Conforme o professor de Riscos Geológicos, além dos sistemas de alerta, o principal instrumento para evitar algumas tragédias é o monitoramento.
“A primeira parte é o conhecimento desses processos, como eles ocorrem, quais são as condições que definem favorabilidade a esses processos.
Você conhecendo, você consegue estimar qual o nível de chuva que pode gerar um deslizamento”, argumenta.
No final do ano passado, duas pessoas morreram após o deslizamento de terra na BR-376, na Serra de Guaratuba. Em nota, o governo do Paraná afirma que diminuição da verba para o sistema de monitoramento de apoio ao alerta de desastre não vai comprometer o serviço, já que essa queda vai ser compensada por financiamento contratado junto ao Banco Mundial.
Parte do recurso, no valor de quase R$ 8 milhões, será destinado para a aprimoramento do sistema de alertas ambientais da Defesa Civil. Além disso, o governo afirma que têm ações de mapeamento previstas nas “áreas de risco de inundação do Alto Iguaçu e da Região Metropolitana de Curitiba e de áreas de risco de desastres e deslizamentos em 23 municípios paranaenses”.
Ainda em nota, o estado afirma que, “neste caso específico, a redução do orçamento da Defesa Civil para o próximo exercício está relacionada às receitas de operações de crédito a ela destinadas. Os recursos foram revisados para atender a necessidade do órgão, e sofreram uma leve retração de 3,4% no comparativo entre LOA 2023 e PLOA 2024”. Paraná Portal