A Polícia Científica do Paraná investiga a conduta de um perito que afirmou, em um vídeo nas redes sociais, que a violência doméstica é usada pelas mulheres como forma de prejudicar os homens. A publicação foi excluída pelo servidor ainda na segunda-feira (21).
No vídeo, ele diz atuar também na Polícia Científica de Santa Catarina e alega que são “dezenas de acusações falsas” do crime com o objetivo de vingança. O perito oficial afirma ainda que as polícias estão de saco cheio da violência doméstica.
Ainda na publicação, o perito oficial afirma que os casos são uma forma de humilhação contra homens.
Em nota, a Polícia Científica do Paraná ressaltou que o conteúdo representa uma opinião pessoal do servidor e que acionou a Corregedoria assim que tomou conhecimento do vídeo. Disse ainda estar em contato com a Polícia Científica de Santa Catarina para compartilhar informações e assegurar a agilidade da apuração ético-disciplinar.
O vídeo também gerou manifestação entre entidades representativas de classe. Nas redes sociais, o Grupo Perícia Mulheres, composto por servidoras públicas da Polícia Científica do Paraná e o Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares da Polícia Científica do Paraná, manifestou indignação e repúdio à fala. Frisou, ainda, ser inaceitável o posicionamento “ao utilizar prerrogativas funcionais” para a propagação de conteúdo “que desrespeita os fundamentos da Justiça e os direitos humanos”. A entidade afirma, ainda, que a conduta representa uma grave afronta a todas as mulheres.
O posicionamento foi reforçado pela Associação Brasileira de Criminalística (ABC), que ainda destacou ser o exame pericial, nos casos de violência contra as mulheres, base para provas técnicas essenciais para a investigação e julgamento de agressores.
À reportagem, a Polícia Científica de Santa Catarina afirmou que as medidas cabíveis já foram adotadas para apurar o caso. A reportagem tenta localizar o perito autor do vídeo.
No Paraná, mais de 90 mil boletins de ocorrência de violência contra a mulher e 30 mil de violência doméstica foram registrados nos primeiros cinco meses de 2024. Em todo o Brasil, o último Atlas da Violência aponta que mais de 48 mil mulheres foram assassinadas em uma década. O levantamento também aponta que, a cada 46 minutos, um estupro foi registrado no Brasil em 2022 e que, a cada dez casos de agressão contra mulheres, oito aconteceram dentro de casa. Band News