O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) divulgou nesta quarta-feira (22) o terceiro boletim sobre monitoramento, previsões e os possíveis impactos do El Niño no Brasil em 2023.
Feito em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) e o Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre), o documento mostra que os efeitos do fenômeno climático que aquece as águas do oceano Pacífico serão mantidos semelhantes aos atuais pelo menos até 14 de dezembro, data limite da atual previsão.
Assim, há indicação de condições mais úmidas do que o normal, com chuvas acima da média, em partes do norte de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, centro-sul de Mato Grosso do Sul, São Paulo, sul de Minas Gerais e em parte do norte do Pará e do Amapá.
Nas demais regiões, a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal, com destaque para a região amazônica, principalmente, no setor mais central e sul da região. Esse cenário poderá contribuir para elevação dos níveis de água no solo, com valores superiores a 90%, gerando inclusive excedente hídrico nas regiões mais chuvosas. Nas outras, porém, a tendência é justamente o inverso.
“Nas demais áreas, os níveis de água no solo continuarão baixos, devido à previsão de redução das chuvas na região Nordeste e em parte norte da região Norte, o que poderá impactar negativamente os níveis de armazenamento de água no solo, agravando o déficit hídrico. Em áreas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, norte de Minas Gerais e sudoeste de São Paulo, a irregularidade espacial das chuvas ainda manterá o armazenamento hídrico em níveis mais baixos”, destaca o boletim.
Em relação ao último mês, o levantamento mostrou que durante outubro as chuvas foram superiores a 300 mm entre os setores norte do Rio Grande do Sul e praticamente todo o estado de Santa Catarina. Por outro lado, na região Norte foram observados déficits, principalmente, nos setores sul e oeste da região, o que foi influenciado principalmente pelo aquecimento anormal do Atlântico Tropical Norte.
Já nos primeiros 20 dias de novembro, os maiores valores acumulados de chuva estiveram presentes entre o norte do Rio Grande do Sul, centro-oeste de Santa Catarina e sul do Paraná, com valores superiores a 350 mm em alguns pontos. “Neste período, as anomalias de precipitação apresentaram valores positivos em praticamente toda região Sul do país, com exceção do setor mais ao norte e leste do Paraná”, diz o relatório.
O boletim também identificou um leve aumento das precipitações na região Norte, que tem sofrido com uma seca histórica. No rio Madeira, em Porto Velho (RO), por exemplo, novembro apresentou leve aumento de chuvas em relação a outubro, mas o nível ainda está 56% abaixo da média para o mês, mantendo a declaração da ANA de situação crítica de escassez hídrica até 30 de novembro.
O relatório também mostrou que o rio Negro atingiu seu nível mínimo histórico de 12,65 m (cota média diária) no porto de Manaus em 26 e 27 de outubro, quase um metro abaixo do recorde negativo anterior, de 13,63 m em 2010.
“As vazões naturais nas usinas hidrelétricas Serra da Mesa, Tucuruí e Belo Monte estão 83%, 57% e 59% abaixo da média para o mês, respectivamente, situação pior do que em outubro. O armazenamento nos reservatórios do SIN reduziu de 68,4% para 60,9% e os principais reservatórios da região Nordeste também tiveram pequena variação, atingindo volume equivalente de 44,8%, permanecendo a situação crítica em pelo menos 12 sistemas hídricos locais regulados pela ANA”, finalizou o boletim.
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