Contra novo cangaço, projeto prevê rede de câmeras e comando central na Grande Curitiba

 


Enfrentar uma criminalidade cada vez mais complexa e que vai além dos limites entre municípios exige alto nível de compartilhamento de informações e um comando centralizado.

Para fazer frente ao “novo cangaço” e à ação de outros grandes grupos de criminosos que amedrontam populações de cidades menores, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), sugere espelhar os mecanismos de segurança pública e propõe uma gestão unificada e online das informações.

Essas ideias foram apresentadas no Fórum da Assomec realizada na terça-feira passada (11), quando as guardas municipais de Curitiba e de mais nove cidades da região metropolitana sugeriram ideias para um plano de contingência de segurança pública, prioridade do estado do Paraná, segundo o secretário de estado da Segurança Pública, Wagner Mesquita, presente ao evento.

“A ideia não é só ampliar a investigação de ataques que envolvem grandes grupos fortemente armados, como os ocorridos recentemente em Guarapuava e Fazenda Rio Grande, mas criar protocolos para que fatos como esses sejam mais difíceis de acontecer”, disse ele.

Muralhas digitais

O projeto, uma parceria do estado com municípios, conta com o incentivo do governo para que cidades paranaenses desenvolvam ações como as de Curitiba, a mais evoluída até agora. Na capital, a Muralha Digital reúne em apenas um local imagens e informações de câmeras de segurança da Guarda Municipal, radares de trânsito, Ruas da Cidadania, parques, praças e cemitérios da cidade. Entre as sugestões expostas no evento está levar a experiência dessas muralhas a mais municípios e incentivar o compartilhamento das imagens por eles.

Além da capital, a cidade de Quatro Barras, no começo do ano, também informou que implanta seu sistema de monitoramento com 19 câmeras apontadas nas entradas e saídas da cidade. Pinhais também está em processo de licitação deste sistema e deve ter, até o fim do ano, essa tecnologia à disposição.

No município, hoje, há 48 câmeras instaladas em pontos estratégicos e que são acompanhadas pela Central de Monitoramento gerida pela Guarda Municipal em conjunto com a Polícia Militar de Pinhais. Há também câmeras em prédios públicos.

Segundo o secretário de segurança e trânsito de Pinhais, Anderson Mendes de Araújo, a efetividade do sistema é comprovada pelas ações de apreensões, recuperação de veículos, entre outras ocorrências atendidas e solucionadas com mais agilidade. “Porém, por ainda não ter a Muralha Digital implementada, as imagens não são espelhadas, mas as imagens e dados do nosso banco são usadas e enviadas quando solicitadas, seja pela capital, seja pelo estado”, diz ele, citando que Pinhais já participa do Consórcio Intermunicipal de Segurança Pública.

Sobre a ideia de se criar um comando único e online, Mendes de Araújo afirma que a proposta de trabalhar de forma integrada é vantajosa para todas as partes, pois o crime é migratório. “Um carro pode ser furtado em Curitiba e vir para Pinhais ou vice-versa. Compartilhar e integrar dados permite que os municípios tenham acesso às imagens e outras informações de forma simultânea, como de veículos furtados ou irregularidades e procurados”, diz.

Segundo o secretário, a integração efetiva dos sistemas para compartilhamento de imagens e dados se dará apenas com a implementação da Muralha Digital em Pinhais.

Centralizar para combater

O monitoramento das cidades é ferramenta importantíssima para conter as ações do chamado “novo cangaço”, segundo Wagner Mesquita, porque “um sistema integrado de câmeras em diversos municípios facilitaria a identificação das pessoas e possíveis veículos utilizados na ação, além de orientar a ação policial, favorecendo uma intervenção imediata”, explica ele.

Porém, tão importante quanto ter esses sistemas com alto nível de inteligência artificial, diz ele, é preciso que eles estejam conectados a outros sistemas e centros operacionais, pois que, no caso de eventualidades locais, o município vizinho poderá dar apoio na ação de segurança.

Projeto do estado

Mesquita afirma que municípios menores, agrupados em associações, serão incentivados pela secretaria a criarem seus sistemas locais, desde que estejam integrados ao projeto Olho Vivo do governo estadual, que está em fase final de estruturação e será implantado no segundo semestre. “A partir disso, monitoramento de câmera, leituras de placas, reconhecimento facial e outras fontes de dados poderão ser comparados no Paraná todo”, diz. Ele afirma que já existem cerca de três mil câmeras ligadas ao Centro de Comando e Controle do Paraná, sejam próprias do estado, sejam provenientes de convênios com os municípios e de parcerias com outras redes federais. Também já há centrais regionais que integram bancos de dados e sistemas de segurança federal, estadual e municipal e que devem ser ampliadas.

Segundo a Sesp, os dois grandes pilares do projeto Olho Vivo são a integração de dados/imagens, reconhecimento facial e tudo mais que pode ser trabalhado por meio de inteligência artificial (trabalho desenvolvido com a Celepar) e a conexão de câmeras através de subsistemas de prefeituras, governo do estado, governo federal e sociedade civil organizada. Até julho do ano passado, as guardas municipais de mais de 30 municípios paranaenses já haviam assinado um Termo de Cooperação Técnica com a Sesp, promovendo o intercâmbio de imagens e informações, o que deve agilizar o trabalho de policiamento nas regiões. Gazeta do Povo

Postagem Anterior Próxima Postagem