Em meio a denúncias de que pastores sem cargo público negociaram transferências de recursos no MEC (Ministério da Educação), o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu nesta quinta-feira (24) o ministro da pasta, Milton Ribeiro, e disse que “bota a cara no fogo” pelo auxiliar.
Na transmissão, Bolsonaro disse que Ribeiro oficiou a CGU (Controladoria-Geral da União), ainda no ano passado, sobre denúncias de supostas irregularidades no MEC. O caso, ainda de acordo com Bolsonaro, passou para a alçada da Polícia Federal por não envolver servidores públicos.
Na terça (22), a Folha de S.Paulo revelou uma conversa gravada em que Milton Ribeiro afirma que o governo federal prioriza prefeituras cujos pedidos de liberação de verba foram negociados por dois pastores que não têm cargo e atuam em um esquema informal de obtenção de verbas do MEC.
O ministro diz no áudio que isso atende uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos.
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm, ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras a liberação de recursos federais para obras de creches, escolas, quadras ou para compra de equipamentos de tecnologia.
Os dois pastores têm proximidade com Bolsonaro desde o primeiro ano do governo. A atuação dos religiosos foi revelada na semana passada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Na tarde de terça, Ribeiro negou em nota ter determinado alocação de recursos para favorecer qualquer município. Ele afirmou que Bolsonaro não teria pedido para que os pleitos dos pastores fossem atendidos, mas somente que todos os indicados por eles fossem atendidos.
Ainda na terça, em declaração ao jornal O Estado de S. Paulo, o prefeito Gilberto Braga (PSDB), do município maranhense de Luis Domingues, afirmou que um dos pastores envolvidos no esquema pediu 1 kg de ouro para conseguir liberar verbas de obras de educação para a cidade.
Segundo o gestor, o pedido foi feito em um restaurante de Brasília na presença de outros políticos.
A Folha de S.Paulo confirmou o relato do prefeito com outras duas pessoas presentes no local onde o pedido de propina foi feito.
Nesta quinta, a ministra Cármen Lúcia, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de inquérito criminal sobre o ministro da Educação.
A decisão da magistrada ocorre a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. A Procuradoria irá apurar suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa.
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