O fim de fevereiro marca a hora da verdade no transporte coletivo de Curitiba, quando a prefeitura terá de se debruçar sobre números para definir qual será o aumento da passagem de ônibus. A tarifa está congelada em R$ 4,50 desde 2019. Por determinação do prefeito Rafael Greca, em 2020 e 2021 não houve o reajuste anual por causa da crise da pandemia.
Mas desde o ano passado a Urbs – empresa municipal que gerencia a frota – admite que em 2022 não tem mais como segurar a passagem no valor atual.
Entenda abaixo o quebra-cabeça que a Urbs terá que resolver para chegar ao reajuste do ônibus.
O que manteve a passagem a R$ 4,50 desde o início da pandemia foi o subsídio emergencial pago pelo próprio município para que o sistema não quebrasse, já que o volume de passageiros na crise sanitária chegou a despencar 80% desde 2020 e houve ainda o impacto da inflação nos custos de insumos, em especial combustíveis.
A prefeitura já anunciou que não terá como manter o subsídio, que termina agora no fim de fevereiro e que gira entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões por mês. O subsídio chegou a ser suspenso em 2021, quando a frota rodou sem a ajuda em julho, agosto e setembro.
Mas, diante do rombo nas contas ainda causado pelo baixo volume de passageiros, a prefeitura correu à Câmara Municipal pedir prorrogação da ajuda financeira até o fim de fevereiro. Por enquanto, a prefeitura prefere não falar qual será o reajuste na passagem, já que aguarda negociações de data-base das empresas de transporte e do sindicato de motoristas e cobradores de ônibus para definir o valor.
No entanto, o presidente da Urbs, Ogeny Maia Neto, vem defendendo que o aumento seja apenas o suficiente para que o usuário possa pagar. Do contrário, o reajuste pode afastar ainda mais os passageiros do sistema, já que o poder de compra do brasileiro vem se reduzindo com o avanço da inflação nos últimos meses.
Vale lembrar que mesmo com o fim do subsídio e o reajuste a prefeitura vai continuar injetando dinheiro no transporte coletivo, mas pelo modelo de antes da pandemia. Com o fim do aporte mensal, a prefeitura deixa de pagar o valor do quilômetro rodado e volta a pagar a diferença entre o custo real da operação, que é a tarifa técnica, menos o valor da passagem paga na catraca.
Quanto está a tarifa técnica hoje?
Em março, com o fim do subsídio, volta o pagamento da diferença da tarifa técnica. A Urbs projeta o valor da tarifa técnica para março em R$ 7. Ou seja, se o subsídio já tivesse acabado, hoje o passageiro pagaria os R$ 4,50 da passagem e a prefeitura adicionaria mais R$ 2,50 para fechar a conta do custo real de R$ 7 da operação.
Porém em 2022 o usuário terá de dar uma contrapartida maior para que essa diferença de R$ 2,50 paga pelo município caia.
Exatamente essa diferença será o reajuste da tarifa. Lembrando que nos meses em que a frota rodou sem subsídio em 2021 a tarifa técnica bateu em R$ 8,11, quando a prefeitura chegou a bancar R$ 3,61 da diferença dos R$ 4,50 pagos pelo usuário.
Qual a meta da Urbs de movimentação de passageiros nos ônibus?
Com a queda nos índices de contágio de Covid-19, a Urbs almeja alcançar 80% dos 756 mil passageiros diários de antes da pandemia.
Ou seja, a meta é chegar a 604,8 mil passageiros por dia.
Em dezembro, o sistema chegou a 70% do número de passageiros de antes da pandemia. Mas a quantidade voltou a cair. Até aqui em fevereiro a média está em 500 mil passageiros por dia, o equivalente a 65% do volume de antes da pandemia.
Sobre a expectativa de se chegar à meta de 80% da pré-pandemia, a Urbs no entanto admite que vai depender justamente do cenário econômico, com recuperação dos índices e aumento no número de empregos. Tribuna