Curitiba arrecadou 119.313.636,92 com multas de trânsito, em 2021. O total é resultado de multas emitidas também em 2020 que, devido à pandemia, tiveram o vencimento postergado, segundo a Superintendência de Trânsito (Setran).
As informações são da BandNews Curitiba.
Paralelamente a isso, um levantamento do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) aponta que dez ruas concentram 67% dos acidentes da capital paranaense.
Das cinco mil ocorrências atendidas em Curitiba em 2021, 485 aconteceram na Avenida Comendador Franco, a chamada Avenida das Torres, no Uberaba, 419 na Avenida Juscelino Kubitschek, na CIC, e 412 na Avenida Visconde de Guarapuava.
O engenheiro especialista em trânsito, Celso Mariano, explica que as avenidas tendem a concentrar o maior número de acidentes por serem pontos de passagem, não destinos finais.
"Situações como a da Visconde de Guarapuava, a própria Comendador Franco e outros vias estruturais da cidade, a maior quantidade de público que está circulando não tem como destino algum ponto ao longo dessas avenidas.
A cabeça dos condutores está focada no destino final, e isso é muito natural que aconteça. Sendo assim, as possibilidades de distração ao longo do trajeto são maiores.
É uma certa tendência de de avenidas que distribuem o fluxo de veículos registrarem grande número de acidentes ou infrações", aponta.
O especialista defende que a fiscalização intensa ajuda, mas não resolve a questão comportamental do trânsito.
"O olho da fiscalização é necessário assim como no esporte, onde nós temos o VAR, fazendo uma analogia com o futebol, por exemplo.
O caminho tem sido intensificar a fiscalização. São 22 jogadores profissionais que conhecem bem as regras e que volta e meia dão aquele passo a mais e o jogo se torna violento.
É impossível pensar numa partida de futebol sem a presença da arbitragem, pois o problema está no comportamento das pessoas. Nunca vamos encontrar uma solução se apenas fizermos fiscalização, investir em educação é o remédio que temos para apresentar", completa o especialista.
Ainda segundo o BPTran, os três cruzamentos mais perigosos na Capital são: o da rua Eduardo Sprada com a Avenida Juscelino Kubitschek, a rua Henrique Mehl com a Avenida Comendador Franco e a Rua Brigadeiro Franco com a Avenida Silva Jardim.
Questionada pela reportagem, a Setran afirmou que investe em sinalização nos trechos considerados mais críticos e de radares, quando possível.
Quanto aos R$ 119 milhões arrecadados com multas, a Setran aponta que os recursos são destinados à sinalização, à educação no trânsito, à fiscalização, entre outros, conforme previsto no Código de Trânsito.
Em Curitiba, uma emenda parlamentar de 2016 prevê que os recursos sejam utilizados também em outras pastas. A prestação de contas é divulgada a partir de 15 de janeiro do ano posterior à arrecadação. O material referente ao ano de 2021 ainda não foi divulgado.
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