O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que “não tem nada a temer” após ser alvo de uma denúncia em processo ético-profissional.
O pedido de abertura do processo é assinado por membros do Cosems-SP (Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo) e foi enviado ao CFM (Conselho Federal de Medicina).
“Ontem [quinta-feira (6)], um grupo de secretários me denunciou. Podem denunciar, não temos nada a temer”, disse Queiroga em conversa com jornalistas na manhã desta sexta (7).
“A preocupação com essa representação é zero. Se os colegas quisessem ajudar, estariam trabalhando na ponta, como eu. Se eles tomaram vacina, foi com as doses que eu distribuí”, emendou Queirog.
Segundo o documento enviado ao CFM,
Queiroga praticou infrações que acometem toda a população brasileira, principalmente as crianças entre 5 a 11 anos, grupo que gerou uma discussão pública por causa da vacinação contra Covid-19.
Para os médicos ex-presidentes do Cosems-SP, o ministro Queiroga coloca interesses ideológicos do governo Jair Bolsonaro (PL) acima da saúde pública.
Na ação, eles dizem: “Não resta outra alternativa senão a constatação de que ele [Queiroga] atende, acima de tudo, aos interesses políticos e ideológicos do governo, e mais especialmente, do Presidente da República”.
A vacinação do público infantil contra a Covid-19 foi aprovada pela Anvisa há quase três semanas, em 16 de dezembro de 2021.
Para a tomada de decisão, a agência analisou um estudo feito com 2.250 crianças que comprovou que o imunizante da Pfizer é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.
Mas o Ministério da Saúde resolveu adiar a decisão de incluir crianças na campanha nacional até o resultado de uma consulta pública sobre o tema, encerrada no domingo (2).
No questionário, que recebeu críticas de sociedades médicas e científicas, a maioria dos participantes já havia rejeitado a obrigatoriedade de prescrição médica para vacinar crianças.
“Tivemos, senhores, 99.309 pessoas que participaram nesse curto intervalo de tempo no qual documento esteve para consulta pública. Sendo que a maioria se mostrou concordante com a não compulsoriedade da vacinação e a priorização das crianças com comorbidade.
A maioria foi contrária à obrigatoriedade de prescrição médica no ato de vacinação”, declarou a secretária Rosana Leite de Melo.
O anúncio do Ministério da Saúde ocorreu em meio à pressão de especialistas, secretários de Saúde e governadores, que cobravam agilidade do governo federal. Antes da decisão, a pasta ainda promoveu uma audiência com a participação de três médicos contrários à vacinação de crianças -eles foram convidados pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL).
Mesmo com o aval da Anvisa, o presidente Bolsonaro já se manifestou contra a vacinação de crianças contra a Covid-19 em diversas ocasiões. Em 16 de dezembro, durante uma de suas lives semanais, ele anunciou ter pedido os nomes dos técnicos da agência responsáveis por aprovar a vacina ao público infantil, dizendo querer “divulgar o nome dessas pessoas”.
Três dias depois, durante conversa com apoiadores em Praia Grande (SP), Bolsonaro voltou a criticar a Anvisa, questionou supostos efeitos adversos da vacina -sem, no entanto, apresentar dados- e repetiu ser a favor da “liberdade” de não se vacinar, ainda que isso represente um risco a outras pessoas.
“Nem a tua [vacina] é obrigatória. É liberdade”, afirmou. “Criança é uma coisa muito séria. Não se sabe os possíveis efeitos adversos futuros. É inacreditável, desculpa aqui, o que a Anvisa fez. Inacreditável.” Paraná Portal