O Governo do Paraná confirmou que a família Abagge e os demais acusados pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, que foi encontrado morto nos anos 1990, em Guaratuba, Litoral do Paraná, também vão receber pedido formal de perdão do Estado.
A notícia foi divulgada pela Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf) nesta segunda-feira (27), cinco dias após a Sejuf informar que as famílias de Evandro e do menino Leandro Bossi receberiam um pedido de perdão pela não resolução dos crimes.
O caso Evandro causou comoção na época. Segundo a Sejuf havia informado na semana passada, as famílias dos meninos Evandro Ramos Caetano e Leandro Bossi desaparecidos nos anos 90 na cidade de Guaratuba, no litoral do Paraná, receberão um pedido formal de perdão pelos erros cometidos pelo Estado no passado. Pois as ocorrências contra as duas crianças “nunca foram desvendados de forma cabal, irrefutável e definitiva”, aponta a secretaria.
O Governo do Paraná reconhece que, na época dos fatos, “um grupo de legalidade questionável foi enviado a cidade pelo Estado e cometeu uma série de erros que geraram uma imensa sucessão de equívocos, contaminando toda a investigação”.
A informação do pedido de perdão para as famílias das vítimas repercutiu e foi criticada pelos acusados do crime, por não ter levado em conta uma série de denúncias de violências físicas praticadas contra eles durante as investigações. Segundo o secretário de Justiça, Família e Trabalho do Paraná, Ney Leprevost, cometer tortura é crime, por isso a decisão de também formalizar o pedido de perdão aos acusados.
“Neste caso vemos muitas vítimas: as crianças, seus pais, os acusados que foram torturados, pessoas que tiveram a vida profissional destruída, as instituições públicas que foram induzidas a erro, o município de Guaratuba que ficou anos e anos sendo discriminado e até o contribuinte paranaense que pagou por tudo isto.
É a teoria de São Tomás de Aquino, tão ensinada nas faculdades de Direito, aplicada na prática: uma maçã podre fez toda investigação apodrecer”, afirma Leprevost. De acordo com a Sejuf, nos próximos dias, as famílias das crianças desaparecidas e os torturados do “Caso Evandro” irão receber cópias do relatório e cartas formais com pedido de perdão pelos erros cometidos no passado pelo Estado.
O que, na prática, poderá servir para os advogados dos torturados nos pedidos de anulação do julgamento e para os pais das crianças acionarem o Estado na esfera cível pedindo indenizações pela sequência de danos sofridos. Tribuna