CURITIBA - Nesta terça-feira (3), os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovaram, em votação simbólica, uma moção de repúdio ao DJ Ivis, detido pela polícia do Ceará no mês passado, após Pamella Holanda denunciar pelas redes sociais as agressões físicas que sofria do agora ex-marido. Nos vídeos, Iverson de Souza Araújo (DJ Ivis) aparece dando socos, pontapés e empurrões na mulher, em diversas ocasiões. “É a personificação da covardia”, descreveu Osias Moraes (Republicanos), autor da moção de repúdio.
“As
imagens são estarrecedoras e as cenas são repugnantes. A violência não
tem justificativa. Em 2019, foram registrados 266 mil casos de lesão
corporal dolosa no contexto doméstico, ou seja, uma agressão física a
cada dois minutos, no Brasil, contra mulheres”, disse Osias Moraes,
citando dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Noemia Rocha
(MDB) apoiou a moção, afirmando que “família é projeto de Deus”. Dando
exemplo da comunidade evangélica, a parlamentar destacou os pastores são
instruídos a orientar as famílias, para corrigir esses casos quando
eles surgem. Professora Josete (PT) defendeu que os agressores sejam
punidos e reeducados. Márcio Barros (PSD) que é preciso estimular as
denúncias.
Maria Letícia (PV) destacou que, neste
mês, em alusão à vigência da Lei Maria da Penha – sancionada em 7 de
agosto de 2006, com sanções mais duras aos agressores de mulheres – é
realizada no Brasil a campanha Agosto Lilás, de conscientização pelo fim
dessa violência. “Todo dia é dia de enfrentamento, mas nesse mês há
essa circunstância especial”, disse. A parlamentar criticou o fato da
vítima ter que se expor, publicando os vídeos, para ter sua denúncia
levada a sério pela sociedade. “Vocês imaginam quão desgastante é para
uma mulher viver isso todos os dias? Fazem ideia de quantas são
abusadas, sofrem violência em seus lares?”, questionou a parlamentar.
Ao
declarar apoio à iniciativa, Éder Borges (PSD) declarou-se a favor do
“direito à legítima defesa”. “Temos um grupo chamado ‘Mulheres Armadas’,
com instrutores de tiro para instruir as mulheres terem esse direito à
legítima defesa. É uma covardia absurda agredir uma mulher”, afirmou. Na
sequência, vereadoras criticaram essa manifestação. “Estamos exaustas
desse ‘discursinho’ que a defesa [das mulheres] está no porte de armas”,
retrucou Maria Leticia. “Eu não acredito que atitudes violentas
combatam a violência. Precisamos criar uma outra cultura. Armar a
população não reduz os crimes, nem a violência”, acrescentou Josete.