Prefeitura quase triplica número de equipes para resgatar pessoas em situação de rua

 


Para proteger a população em situação de rua nas noites mais geladas, a Prefeitura de Curitiba amplia o número de equipes que percorrem a cidade em busca de pessoas desprotegidas. Sempre que há previsão de temperaturas mínimas iguais ou menores a 9ºC, 19 equipes são escaladas para o trabalho – são 12 equipes a mais (um aumento de 271,4%) em relação aos dias normais de trabalho.

 

Na noite desta terça (20/7), por exemplo, quando a temperatura mínima na capital bateu em 2ºC, 1.020 pessoas dormiram em alguma das estruturas de acolhimentos da Prefeitura, sendo que 376 delas procuraram o serviço espontaneamente e 124 foram abordadas nas ruas e levadas pelas equipes da FAS até as unidades. As demais já são acolhidas permanentemente pelo município.

 

Por causa do frio, os educadores sociais percorreram toda a cidade e fizeram 192 abordagens, 138 delas solicitadas pela Central 156. Em 36 situações, as equipes foram até os endereços indicados, mas não havia ninguém no local.

 

Apesar do frio, 59 pessoas recusaram atendimento. Três precisaram de atendimento médico e foram levadas até Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e outras três foram acolhidas em unidades de isolamento por apresentarem sintomas gripais.

 

Mesmo com vaga garantida em abrigos, dois homens foram encontrados nas ruas e levados de volta para as unidades da FAS e outro decidiu retornar para a família.

 

Trabalho regular

Nos períodos de reforço das abordagens, a maioria das equipes (14 no total) atua na região central da cidade, que concentra 68% das pessoas em situação de rua. Os demais grupos se dividem no atendimento nas dez regionais.

 

Em suas conhecidas Kombis do resgate, educadores sociais, assistentes sociais e motoristas da Fundação de Ação Social (FAS) saem às ruas para oferecer principalmente acolhimento.

 

“No inverno, nosso principal objetivo é proteger as pessoas do frio, orientar sobre os riscos de se ficar na rua e evitar a hipotermia”, explica o presidente da FAS, Fabiano Vilaruel.

 

Durante a abordagem social, os técnicos conversam com as pessoas que estão em situação de rua, falam dos serviços ofertados pelo município, como cama quente, local para higiene, alimentação e roupas limpas. Desde 15 de maio, quando teve início a Ação Inverno – Curitiba que Acolhe, a FAS realizou mais de 6.700 abordagens.  

 

Pessoas com problemas de saúde são levadas para atendimento médico nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em casos mais graves, o Samu é acionado para o primeiro atendimento.

 

Volta para casa

“Muitas vezes, durante a conversa com a equipe, a pessoa abordada decide voltar para casa, para a família e, neste caso, nossas equipes também fazem o retorno familiar, que é uma de nossas grandes metas”, explica Vilaruel.

 

No vai e vem pela cidade, também é comum as equipes da abordagem encontrarem e fazerem o retorno de cidadãos que possuem vaga de acolhimento nas unidades do município, mas que estão nas ruas. 

 

Apesar do frio que costuma fazer em Curitiba, muitas pessoas recusam o serviço oferecido pela FAS, optando por continuar na rua. De terça para quarta, por exemplo, 59 pessoas não quiseram ir para os abrigos. Na noite da última segunda-feira (19/7), 155 pessoas fizeram essa opção, mesmo com temperatura que chegou a zero grau.

 

Quando isso acontece, a FAS oferece cobertores para quem está pouco agasalhado. Para evitar o risco de hipotermia, as equipes costumam redobrar a atenção a essas pessoas – principalmente com aquelas que têm problemas de saúde –, fazendo várias abordagens durante toda a noite.

 

Animais de estimação

Em Curitiba, nem mesmo os animais de estimação de pessoas em situação de rua ficam desprotegidos. Desde 2019, a FAS mantém canis em três unidades de acolhimento para população de rua. São 18 vagas onde cachorros e gatos podem ficar abrigados, enquanto seus donos também são acolhidos.

 

Em quase três meses de Ação Inverno, a FAS realizou 398 acolhimentos de pets. Todos recebem ração, água e ainda são acompanhados por veterinários da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O transporte desses animais é feito em caixas para pets que existem em todas as Kombis do resgate social da FAS.   

 

24 horas por dia, 7 dias

O trabalho de abordagem social a pessoas em situação de rua acontece 24 horas por dia, sete dias na semana, e é coordenado pela Central de Encaminhamento Social, da FAS.

 

Em dias normais de atendimento, o trabalho é realizado com base em solicitações que chegam pela Central 156, canal de comunicação da população com o município.

 

Quando a previsão é de frio intenso, as equipes também seguem roteiros de busca, principalmente em locais já identificados. Na Regional Matriz, que tem maior concentração de pessoas em situação de rua, as buscas são realizadas no eixo histórico, desde as Ruínas São Francisco até a Praça Santos Andrade, Avenida Sete de Setembro e nas ruas Marechal Deodoro e XV de Novembro.

 

As equipes percorrem ainda as ruas no entorno das praças do Japão, Rui Barbosa, Espanha, Osório, Carlos Gomes, Tiradentes, Santos Dumont, Generoso Marques, 29 de Março, 19 de Dezembro. Os outros pontos mapeados são Rodoferroviária, Viaduto do Capanema, Mercado Municipal e Passeio Público.

 

População pode ajudar

A população também pode ajudar a proteger as pessoas em situação de rua. Caso veja alguma delas protegida, ligue para 156 ou acesse o aplicativo Curitiba 156.

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