A cannabis sativa é uma planta cultivada em diversas partes do mundo, suas folhas têm pelos granulosos, que nas espécies femininas possuem uma resina que provoca reações psicoativas, contudo, também pode auxiliar no tratamento de diversas doenças com acompanhamento médico. O uso é envolto em polêmicas e controvérsias, por conta da atual política de repressão do Estado a drogas "proibidas". Apesar do debate, médicos garantem que seu uso medicinal auxilia em diversos tratamentos, e pacientes comprovam sua eficácia.
No Paraná, um projeto de lei do deputado Goura (PDT), que visa garantir o acesso a medicamentos e produtos à base de canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), derivados da cannabis, teve parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa (Alep).
Durante a mesa sobre usos e legislação da cannabis, realizada no encontro do Fórum Paranaense de Cannabis Medicinal, Goura destacou a importância de leis que regulamentem a adoção da terapia também no Sistema Único de Saúde (SUS). "O uso da cannabis tem que ser analisado sem obscurantismo, e negacionismo. Há muita ignorância nesse tema. Estamos falando de vida e saúde", reflete o deputado. Além da participação do pedetista, políticos, cientistas e médicos também estiverem presentes nas discussões.
Caso do neurocientista Sidarta Ribeiro. Escritor, professor titular e vice-diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, relatou os benefícios do uso medicinal da planta. "Nos últimos avanços da ciência na análise dos efeitos dos canabinóides, foi levando ao estado atual do debate, essa discussão está sendo superada, pois os efeitos terapêuticos positivos da cannabis vêm tendo resultados promissores em doenças como mal de Parkinson, dores neuropáticas, epilepsia entre outras", explicou.
"A cannabis ajudou meu filho"
Maria Aline Gonçalves, 40 anos, doutoranda em Engenharia Elétrica (Unesp), é mãe do pequeno Vítor, de 10 anos de idade. Seu filho nasceu prematuro e, por conta do parto da prematuridade, acabou tendo problemas decorrentes, como a síndrome de West. Um tipo raro de epilepsia, chamada de "epilepsia mioclónica", a síndrome causa cegueira e espasmos. Apesar de ser uma síndrome que desaparece na infância, pode piorar no decorrer do tempo. No caso de Vítor, virou uma Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG), um tipo raro de epilepsia da infância, caracterizado por convulsões frequentes, de diversos tipos, que geralmente não melhoram com medicamentos anticonvulsivantes.
"Meu filho tomou diversas medicações que resolveram até um tempo. Com a piora da síndrome, a medicação não segurou mais, e começou a ter crises convulsivas. Não achava remédios que podiam ajudar, quando, por intermédio de uma outra mãe, tive contato com o tratamento à base da maconha", relata.
Maria Aline ainda conta que, após a adoção da medicação, com o uso de um óleo a base de canabidiol, ele teve melhoras no seu diagnóstico. "Logo no primeiro dia vi o impacto. Meu filho começou a dormir bem, o que já achei um milagre. Após 45 dias de tratamento, ele parou as crises, e comecei a tirar os alopáticos que provocavam vários efeitos colaterais", conta.
O projeto do deputado Goura, após o parecer favorável da CCJ, tramita agora na Comissão de Saúde Pública da Alep.